segunda-feira, 17 de maio de 2010

CAPÍTULO XIX

O DEBUT DE SÔNIA
Para os 15 anos de Sônia, novamente é requisitado o buffet de Elisa. Lúcia, mãe sempre dedicada, cuida dos detalhes. Sérgio vem mais cedo de sua última viagem e Marisa, cumprindo mais uma promessa, vem ao debut da neta.
Sônia recebe rosas rosa, e um cartão com os dizeres: “Rosas para uma rosa que floresce”, enviadas por Renato.
Ivan sente-se ridículo por ter que usar um traje a rigor e ter que dançar com a irmã a valsa.
Apesar do tempo não estar muito firme, o Solar é protegido para uma esperada chuva e os dois salões devidamente ornamentados sendo o maior reservado para o momento da valsa.
Sônia abre o diário para relatar este momento tão importante de sua vida, lendo antes as seguintes passagens bíblicas: “Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, pura como o sol, formidável como um exército de bandeiras?” (Cântico dos Cânticos, 6: 10); “Volta, volta ó sulamita, volta, volta para que te contemplemos”. (Cântico dos Cânticos, 6: 13).
Rio, 17 de maio de 2002:
Meu querido diário:
Hoje eu faço 15 anos. Estou tão feliz que nem consigo descrever. Tantas pessoas queridas vão estar na festa! A mais importante delas, claro, é o meu pai, pois ele vai passar depois de muito tempo um fim de semana inteiro comigo. Ele continua viajando muito, por isso a presença dele é tão especial. Meus avós vieram ontem à tarde de São Paulo e minha avó Marisa chegou um pouco antes do meio dia com a avó Tonha e a prima Angelina.
Achei as passagens que li bem a propósito da ocasião, se bem que não me acho tão formosa assim. Recebi flores do Renato e amei. Uma das melhores coisas no fim de 2001, foi tê-lo conhecido e os seu primos também. Eles são muito diferentes dos outros. Quero ver se a Suzana se acerta com o Rodrigo e a Sandra, - que parece estar se entendendo muito bem com o Ricardo – saiba notícias do Daniel. A felicidade delas também é a minha felicidade. Elas para mim são mais do que primas, são mais do que irmãs. Se nós fôssemos irmãs, talvez não nos déssemos tão bem. Meu irmão Ivan não se dá tão bem comigo. Eu até tento, mas ele continua desligado nos joguinhos. Minha mãe o proibiu de jogar durante a semana no computador, recolheu os joguinhos e só entrega nos fins de semana. Ele têve notas vermelhas, ela ficou uma fera! Tenho que reconhecer que pelo menos quando eu sofri o acidente ainda no começo do ano, o Ivan foi mais atencioso.
Amanhã depois da festa conto mais novidades.
Tchau,
Sônia.
Apesar do tempo um pouco chuvoso, tudo sai bem. Sônia chega com um vestido rosa claro e uma tiara de flores artificiais rosa.
- Lolô, a Sônia tá tão linda! - Elisa comenta com Heloísa
- É...
- Tá tudo bem, Lolô?
- Bem...você sabe, né?
- Lolô, eu creio num Deus de milagres. O seu filho vai voltar e Deus vai mudar tudo isso.
- Ah, Elisa, esta conversa não me convence!
- Aí é que tá o seu mal, Lolô. Você só ouve o que você pensa. Você culpa o Paulo, mas é tão culpada quanto ele. Eu tô falo isso pra você acordar. Pra Deus não existe impossível e afirmo que o Daniel vai aparecer.
Naquele exato momento, a máfia do tráfico reunia-se e o chefe inquiria seus subordinados:
- Como é? Ainda nada do Dani Castelli?
- Nada chefe. - Responde um dos homens.
- Mas vocês não ligaram pros números que têm no celular?
- A gente ligou pra mais outros, mas ainda não conseguimos, vamos continuar insistindo. Tem número fora de área, outros não atendem. – informa outro.
- Um cliente como este eu não perco! Ele hoje é fissurado, é de família rica e eu já fiz um bom dinheiro com ele!
- Mas tem outros que dão mais lucro chefe. – argumenta o primeiro.
- Eu tenho um plano para atraí-lo, mas primeiro eu tenho que saber onde ele está. Continuem tentando pelo celular e indo aos pontos que ele ia. Ele ainda vai implorar pela droga e eu coloco o meu plano em prática.
- Qual é o plano, chefe? – pergunta o segundo.
- O segredo é a alma do negócio. Primeiro a gente acha o cara, depois inicia o plano.
Na festa, o celular de Sérgio toca. Ele olha o número e vai para um lugar mais silencioso no jardim e atende:
- Eu já disse pra você não ligar pra este número! Eu já a coloquei num plano de saúde. Eu deixei dinheiro, não diga que já gastou todo! Mas como é possível? Eu vou praí na 5ª feira. Eu tenho que desligar, é aniversário da Sônia, eu não posso falar muito tempo. Quando puder eu ligo, tchau.
Edú sempre deslumbrado, está na festa, com funcionários da MEGA MÍDIA e Márcia e comenta com ela:
- O cara tava nervoso, hein, Márcia?
- O “cara”, Edu, é o pai da aniversariante. Você é tão deslumbrado com o ambiente que esquece da etiqueta!
- Ah, mas eu não o chamei de cara na frente dele, eu só comentei com você!
- Mas é daí que começa. Se você se habitua a falar assim, não se acostuma a falar mais polido.
- Tá “professora!”
Naquela noite de chuva, Daniel encontra um amigo.
- Cara, você por aqui? Por onde você andava, Dani?
- Pelas esquinas, pelos bares, na maior fissura, em todos os lugares.
- Ih, rimou... ‘cê tá “no transe?”
- Tô...demais...consegui um bônus especial ‘inda agora...
- Com quem?
- Uma “amiguinha” me forneceu.
- Tem mais aí?
- Infelizmente não.
- Eu sei onde podemos arranjar mais, vem comigo.
- Já tô nessa! Que chuvinha boa, hein?
Daniel se coloca em local descoberto e molha-se todo.
- Cara... ‘cê tá na maior, mesmo, se você se visse agora no espelho...Tá um pato!
- Tô pronto pra fazer “qüen qüen”!
- ‘Cê vai fazer muito mais do que isto onde eu vou te levar, lá é liberado.
- Que é que nós ‘tamos esperando, então?
- É isso aí Dani, “vamo nessa”!
- Rumo à aventura, “esquiando na neve quente!”
Lúcia, na expectativa da volta de Sônia que fôra trocar de roupa, pergunta à Soraya:
- Você viu o Sérgio?
- Vi, ele tava falando no celular, lá num canto do jardim.
- Daqui há pouco é a valsa.
- Ele sabe.
- Soraya, pena que o tempo não ficou bom.
- Mas a gente se preveniu, graças a Deus tá tudo saindo bem.
- Eu fico tão nervosa numa ocasião destas.
- Não esquenta. A Elisa dá conta do recado, tá tudo sob controle.
- É, mas o Sérgio tá tão tenso!
- Os benditos negócios! O Genaro também tem fases que fica insuportável!
- Mas o Sérgio é diferente, ele reprime mais os sentimentos, a gente nota nas expressões, no andar agitado.
- Ele precisa tirar umas férias grandes. Quando eu fui na última viagem com o Genaro a São Paulo apesar de ser a negócios tivemos períodos de descanso, conversamos. Isto faz falta ao casal.
É dada a introdução da música que anuncia a chegada de Sônia que agora aparece com um vestido branco com mangas curtas bufantes, num estilo parecido com o que Suzana usara em seu debut. Esta última e Sandra aparecem também de longos brancos segurando flores também brancas, juntamente com Patty e outras meninas como damas.
Inicia a valsa e os pares vão se encontrando. Primeiro, Sônia valsa com o pai, depois com Ivan e finalmente com Renato. Os outros pares dançam além dos respectivos maridos e esposas do Solar Castelli, – com exceção de Heloísa e Paulo – Sandra valsa com Ricardo e Suzana com Rodrigo, pois este sabe que a menina não recusaria em público. Depois da valsa e do tradiconal PARABÉNS PRA VOCÊ, Rodrigo f ala com Suzana:
- Suzana, vamos pra outro canto pra conversar.
- Tá chovendo.
- A gente passa por onde tá coberto, não arranja desculpa. Não tá chovendo tanto assim.
Os dois vão para um local mais afastado do jardim. Soraya observa e comenta com Heloísa:
- Acho que agora os dois se entendem.
- Tomara.
- Fala. - Suzana permanece numa postura de quem espera ouvir, não dando a perceber sua ansiedade.
- Eu...eu sei que você deve estar chateada comigo.
- Eu? Chateada? Por que? – Suzana dá de ombros querendo parecer que não se importa.
- Suzana, depois da competição você nem quis falar comigo, antes já não me procurava e o Bruno tava sempre atrás de você.
- Você nem precisou de mim. Aquela perua tava lá te consolando depois que se machucou. O Bruno nem tá aqui.
- Eu sei por que, mas isto não vem ao caso. Eu quero me desculpar por não ter dado a você o devido valor.
- Você deu ponto pra Adriana.
- Dei, não nego.
- Ela tava na sua cola, vai me dizer que não rolou mais nada?
- Bem...quase.
- Como quase?!
- É que...eu estive com ela, mas não cheguei a avançar demais.
- Ah...não chegou a avançar demais?! Então quer dizer que você chegou a ter intimidade com ela?
- Bem...
- Sim ou não?!
- Bem, eu...
- Não precisa dizer mais nada! Não quero mais ouvir!
- Suzana!
Suzana explode de ciúmes, embora não queira admitir. Sai correndo de perto de Rodrigo que tenta detê-la.
- Suzana, deixa eu explicar.
- Não tem nada o que explicar! Você é igual a todos!
- A todos, como? Como o Bruno?
- Por que como o Bruno?! – Suzana assusta-se e no íntimo sente-se culpada, porque sabe que chegou a dar liberdade para Bruno aproximar-se mais dela.
- Suzana, eu também tenho sentimentos. – Rodrigo fala segurando-a firme no braço
- Quer me largar! Não te dou o direito de fazer isto! – Suzana tira bruscamente o braço da mão de Buno.
- Tá...desculpa, mas eu quero só que você entenda...
- Entenda o que?
- Suzana, eu gosto de você! Eu...eu te amo!
- Ama o que! Você deu ponto pra aquela biscateira! Me deixa em paz!
- Suzana! Suzana!
Suzana corre de Rodrigo. Soraya vê e pergunta:
- Que foi Rodrigo?
- Dona Soraya, desculpa.
- Desculpa o que meu filho?
- Eu...pôxa...
- Vamos entrar pra conversar.
Soraya entra com Rodrigo e Suzana, chorando, está com Vitor que a consola.
- Bem, acho que vamos poder esclarecer melhor as coisas já que estão os dois aqui. – diz Soraya.
- Eu não quis me meter, a Suzana tava triste e procurei saber o que aconteceu. – Vitor explica-se.
- Você não está se metendo. Nestas situações, principalmente, ajuda muito cunhadão. – Soraya tranqüiliza Vitor – O que houve, gente? Não tenham vergonha de falar. Estamos aqui pra ouvir e ajudar.
- Dona Soraya. Eu não fui correto com a sua filha. Eu me deixei envolver por outra garota.
- Pela Adriana. A atração falou mais forte?
- É...
- Você ainda não sabe muitas coisas da vida, mas aprendeu uma lição. Se você quiser namorar minha filha, eu não me oponho. Você é um ótimo menino. Não vou julgar você. Se antes não foi correto, agora seja. Vocês tem uma vida pela frente. Se não der certo, podem ser amigos.
- A minha sobrinha está magoada, - Vitor pocura ajudar – mas ela é uma menina de bons sentimentos. Ela gosta de você, mas precisa perdoá-lo.
- Você tá arrependido por ter se envolvido com a garota, Rodrigo? - Soraya pergunta.
Rodrigo faz que sim com a cabeça e ainda acrescenta:
- Muito.
- Suzana, você também não se arrepende de ter dado confiança pro Bruno? – também pergunta para a filha.
- Ai...eu...pôxa...Tô me sentindo num tribunal!
- Não tem razão pra se sentir assim, nós te amamos muito e só queremos o seu bem. – Vitor argumenta. – Eu gostaria de não ter que opinar tanto. Acho que seu pai é que deveria estar participando da conversa.
- Ah, tio, meu pai não me entende!
- Podemos começar a quebrar esta barreira.– Soraya propõe - Assim que puder vou falar com ele.
- Gente, eu não quero falar agora. – Suzana se esquiva - Eu tô tão confusa!
- Eu só quero que primeiramente você perdoe o Rodrigo. – Soraya pede.
- Tá, eu perdôo.
- Olha pra ele e diz isto. – Soraya insiste
- Eu te perdôo, Rodrigo.
- Ele deve ter se sentido magoado com você também. – Vitor pondera
- Eu não tô com raiva dela.
- Você parece ser bem mais compreensivo que ela. – Vitor reconhece
- Não vamos apressar as coisas. – diz Soraya - Eu gostaria muito que o Rodrigo voltasse a vir aqui como antes. Até hoje não conheço seus pais.
- O meu pai tem ido muito a São Paulo. Eu tenho um irmão lá.
- Pôxa...eu e Genaro estivemos lá. Na grande São Paulo, mesmo?
- É.
- E a sua mãe?
- Ela ficou uma temporada em São Francisco, onde mora minha irmã, depois foi pra São Paulo com meu pai, voltou pra São Francisco e vai voltar pra cá em junho.
- Então quando chegarem, vamos nos conhecer. Vamos voltar pra festa, gente? – Soraya convida.
Sônia estava entretida dando atenção a vários convidados, mas nota pela falta de Suzana e pergunta a Renato:
- Rê, cadê a Sú, o Rodrigo?
- Eu vi os dois saindo juntos prum canto do jardim.Acho que eles estão se entendendo.
- Tomara.
- Agora tô pensando mais em você. O aniversário é seu, mas eu ganhei o presente: dançamos a valsa. Você tá tão linda...Eu...eu queria dar mais um presente.
- O que?
- Isto. – Renato mostra uma caixa, Sônia abre e vê pulseirinha de ouro.
- Ai...que linda! Rê...que emoção... ‘Brigada... – Sônia agradece dando um beijo no rosto de Renato e ele coloca-lhe a pulseira.
- Este seu jeitinho tímido me encanta. Você é minha bonequinha. Hoje também é muito importante pra mim.
- Tá sendo o meu melhor aniversário.
Do outro lado do jardim, Vitor fala com Genaro.
- Enfim o terceiro “debut”.
- Ano que vem é a Patty, né?
- É. Já estou me preparando.
- Falta mais de um ano.
- É, mas a gente já vai pensando bem antes. Você parece estar mais disposto depois da viagem com a Soraya.
- É, foi muito bom. Precisava estar mais com ela.
- Você já reparou que sente ciúme de sua mulher com sua filha?
- Por que diz isto?
- As duas têm muita cumplicidade. Tinham até mais, só que a Suzana se afastou um pouco da mãe sentindo-se culpada. Depois fechou-se mais e afastou-se das primas também. Genaro, o que você acha do Rodrigo?
- Um excelente garoto.
- Ele gosta muito da Suzana.
- Mas ela não se decide.
- Genaro, eu amo a Suzana como uma filha, mas você é o pai dela. Ela tem muita insegurança, foi pelo caminho errado quando deu abertura para um menino sedutor como aquele Bruno e o Rodrigo se afastou.
- Mas a Soraya falou que o Rodrigo andou interessado noutra menina que havia conhecido em Angra.
- Pois é, mas ele reconheceu que não gostava dela, estava confuso e agora há pouco a Suzana falou comigo da insegurança que tem de deixar o Rodrigo namorá-la. Acho que ela quer tanto um aval seu quanto uma prova dele.
- Eu não me oponho. Se ele quer coisa séria e ela também souber andar na linha. Suzana é atirada demais.
- Não, ela é comunicativa. Sua mulher vai ficar muito feliz se tiver o seu apoio. O menino é respeitador. A Suzana é impulsiva, mas aprendeu uma lição depois do episódio com o Bruno.
Genaro não responde, pois sente culpa e ao mesmo tempo orgulho.
Vitor avista Rodrigo e o chama.
- Rodrigo, vem cá, querido, vamos conversar um pouco.
- Oi tio Vitor.
- Eu estava falando de você. Né Genaro?
- É... espero que você a Suzana se entendam. De minha parte se quiserem namorar eu não me oponho.
- ‘Brigado, Dr. Genaro.
Num canto do jardim, Sandra e Sônia conversam:
- Parece que de nós três, você tá a mais feliz, né? – Sandra conclui
- Hoje é um dia muito especial pra mim. Mas eu sei que as coisas vão melhorar, tanto pra você quanto pra Suzana.
- Pra Suzana eu acho que estão melhorando. Os dias que ela passou na casa do tio Vitor foram muito bons pra ela. Pra mim...eu...não sei... – Sandra fica com a voz embargada pelo choro e Sônia, solidária, pega um lenço para enxugar as lágrimas da prima.
- Sandrinha, não fica assim. Tudo vai passar.
- Eu...sempre me achei forte, mas tá ficando muito difícil suportar tudo isso.
- Você também tem o direito de ter seus momentos de fraqueza. Também tem sentimentos. Eu não me dou tão bem com o Ivan, mas se houvesse algum problema sério com ele, eu sofreria também. Eu sei que ele ficou muito preocupado quando eu tive aquele acidente com a bicicleta no início do ano.
- É... eu me segurei pra não chorar. A Suzana ficou tão desesperada.
Devagarinho Ricardo chega e tapa os olhos de Sandra que pelo tato reconhece
- Rick!
- Minha fofinha! – os dois se abraçam
- ‘Cê tá lindão!
- E você, “lindaça!”
- Ah! ‘Cê é suspeito!
- Gente, vou deixar vocês dois conversando e vou procurar o Rê. – Sônia avisa.
- Você tava chorando né? – Ricardo pergunta afagando o rosto da Sandra.
- Tava...
- Pensando no seu maninho?
- É engraçado...Você não me conhece há tanto tempo, mas mergulha profundo no meu pensamento.
- É bom ouvir isto. Sinal que “nossas almas se completam”. Parece brega, né?
- Não...eu até gosto disto. Eu pareço ser muito prática, mas também tenho meu lado romântico.
Enquanto isto, noutra “festa”, Daniel entrava no seu profundo delírio, embalado com doses de ecstasy:
- Cara...tá demais....maió fissura...
Passa uma bandeja com a droga e Daniel serve-se intensamente.
- Cara, - dirige-se um amigo comenta com o outro – o Dani tá exagerando.
- Deixa ele curtir.
- Cara, ele tá mal, olha lá! Este ecstasy tem que ser em doses menores.
Daniel continuava a se entupir e ter atitudes completamente sem limite. De repente, deita-se num sofá e começa a demonstrar sinais de cansaço, tremor e seus amigos que usaram dose bem menor se preocupam:
- Dani, o que foi, cara?
- Eu...sei lá...
- Cara, ‘cê tá com febre! – o rapaz toca na testa de Daniel.
- Dani...Dani, reage cara! – o outro dá uns tapinhas no rosto de Daniel, vendo que este está quase inconsciente.
- Cara, temos que ajudar o Dani.
- Mas como?
- Levando pro hospital, ora!
- Olha, eu não me garanto pra dirigir. De repente um guarda me para, vê que eu tô meio doidão, me prende.
- Tá, então nós levamos de táxi. O que não podemos é deixar o cara aqui, quase apagando.
Os dois levam Daniel de táxi a um hospital público nas proximidades do local e este é atendido de emergência.
- O garotão têve sorte. – explica o médico - Ele teve uma overdose. Vocês são parentes dele?
- Não, só amigos.
- Ele deve ficar mais um pouco aqui. É melhor avisar a algum parente.
- Tá, a gente vê o que pode fazer.
O médico olha para os dois um pouco desconfiado e sai.
- Eu não tenho telefone de ninguém da família dele, você também não tem, né? - pergunta um ao outro
- Acho que ele não tem nem mais celular. Eu não vi nada com ele, acho que nem dinheiro ele tem.
- Vamos cair fora daqui antes que aquele médico volte. Já fizemos mais do que devíamos, agora ele se vira.
- É melhor mesmo, Vamos nessa!
Quase ao fim da festa, Vitor encontra Sandra no jardim e conversa com ela:
- Eu sei como tá se sentindo. Eu tenho orado muito por você, pelo Daniel.
- Tio, se Deus existe como é que pode tudo isto estar acontecendo?
- Se duvida da existência de Deus, é só olhar para tudo que está à sua volta. Olha pra este jardim.
Sandra olha em volta.
- Não tem grama, flores, árvores, plantas, terra? Olha pro céu, vê as estrelas. Isto tudo viria do nada? O nada, poderia criar o tudo? – Vitor questiona
- Bem...faz sentido.
- Sandra, veja o que há de bom. Esta festa tá maravilhosa, a Sônia tá linda. Eu amo vocês como filhas.
- Tio, eu sei que você ama a gente. Eu só tô cansada. Eu não vejo nada melhorar, tudo piora.
- Querida, vitórias vem de grandes batalhas. Os combatentes tem que se esforçar, lutar pra vencer o inimigo.
- Que “inimigo?”
- Deus é poder acima de tudo, mas tem um adversário: o diabo.
- Tio, desculpa, mas eu não acredito nisto.
- Sandrinha, você diria que seu irmão está metido com drogas por que esta é a vontade de Deus?
- Tio, eu não quero falar disto.
Sandra afasta-se e Vitor entrega tudo a Deus. Depois de se despedir de outros convidados, Sandra volta.
- Tio, não leva a mal aquela hora que eu saí, tô muito tensa.
- Eu não levei a mal, querida. O que você achou do presente de natal que sua avó deu a você e às suas primas?
- Ah...legal...
- É diferente dos outros diários que vocês já tiveram, né?
- Realmente é.
- Você sente algo diferente quando lê aqueles trechos bíblicos? Eu sei como é. Ela deu um pra Patty também.
- A Patty também ganhou?
- Por que o espanto?
- É que ela é da igreja. Ela já conhece.
- É, mas a Palavra de Deus diz: Ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele. (Provérbios, 22: 6).
- Oi, queridos. – Marisa aproxima-se
- Oi, vó.
- Enfim, o 3º e último “debut” do ano.
- Ano que vem é o da Patty. Vai ser festejar no Clube Militar. Eu tava comentando com a Sandra sobre o presente que você deu pra ela e pras meninas. – Vitor fala para Marisa
- É...um maná pra cada dia.
- Maná? – Sandra estranha a expressão.
- Maná, Sandra, era o alimento que Deus mandava do céu pro povo israelita durante a peregrinação pelo deserto entre o Egito e Canaã. – Vitor explica.
- Ah... Gente, dá licença um instante que eu vou até lá falar com o Rick.
- À vontade, querida. – diz Vitor
Observando o entusiasmo da neta, Marisa comenta com Vitor:
- Parece que ela está se dando muito bem com aquele menino, né?
- É...a Sônia também está encantada com o Renato, o loiro.
- E a Suzana? Aquele ruivo não tira os olhos dela.
- Eles vão se entender também. Ainda têm muito tempo pela frente.

2 comentários:

  1. Bem,pelo jeito,quem passa por uma fase menos problemática das três primas é a Sonia.E pelo jeito que ela reage diante dos comentários que o tio Vitor faz sobre Deus,acho que ela não está muito longe da salvação.E nem as primas,até mesmo pela reverência que elas têm ao lerem os versículos bíblicos no diário.
    E o que será que vai acontecer com o Dani?Com os olhos carnais parece que ele é um caso perdido,mas para Deus nada é impossível.

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  2. Até que em fim o Rodrigo e Suzana conversaram e fizeram as pazes.
    Gostei muito do que Marisa disse sobre os versiculos no diário "que são maná".

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