quinta-feira, 15 de julho de 2010

CAPÍTULO XXIV

AS COISAS DE DEUS SÃO LOUCURAS PARA OS HOMENS
O carro fica praticamente inutilizado no lugar do motorista, porém, o lugar do lado fica intacto. Os caminhoneiros preocupam-se e descem do caminhão para prestar socorro.
- Cara...olha aqui. O motorista tá morto. - O motorista do caminhão constata
- Coitado...Tinha mais alguém no carro?
- Sei não.... vamos olhar melhor.
Os dois vão mais à frente.
- Olha lá: tá estirado no chão. - O motorista avista primeiro
- Tá morto?
- Ele têve sorte. Tá só desmaiado. Deve ter pulado fora antes de bater. - O motorista responde
Dois dias depois, Suzana que teve uma recuperação impressionante, recebe alta. Os Castelli aguardam comunicação dos seqüestradores. Soraya recebe um telefonema da polícia e fala primeiramente a Vitor, depois à filha:
- Suzana! Recebi um telefonema da polícia, dizendo que ligaram do DISK DENÚNCIA informando onde está seu pai. Falei com o Vitor e ele insistiu em ir até lá. Disse pra eu não ter medo, só confiança em Deus.
As TVs documentam a negociação travada entre Vitor juntamente e a polícia com os seqüestradores. O lugar fica cercado pela polícia, mas os bandidos oferecem resistência.
Patty que estava andando de bicicleta, entra em casa aflita:
- Mãe!
- Que foi, Patty?
- Mãe...meu pai tá onde tá o tio Genaro?
- Como é que você sabe?
- O Zeca contou, disse que viu na TV.
- Mas que menino linguarudo!
- Mãe, eu tô com medo.
- Filha, Nosso Deus nos manda não temer. Seus irmãos foram com ele. Vamos orar. Tudo vai dar certo.
O cativeiro onde está Genaro continua cercado de carros da polícia. O chefe da organização conseguiu sair ileso de helicóptero, enquanto seus capangas enfrentam a polícia. Os bandidos se negam a sair. A situação fica mais tensa.
- Cara, eu posso até ser preso, mas aquele Cássio vai também.
- Se alguém aqui vai ser preso, vai ser só você!
Vitor, percebendo que as ameaças e trocas de tiros entre polícia e bandidos não cessam, oferece:
- Eu entro lá.
- É muito arriscado. – o policial alerta.
- Mas eu não vou entrar sozinho.
- A gente entra com você, pai. – Miguel decide.
- Nenhum de vocês vai precisar entrar comigo. Eu tenho uma companhia que não precisa ser vista, só sentida.
Os policiais avisam para cessar fogo para que Vitor entre. Os bandidos concordam tendo em mente ter Vitor como mais um refém. No momento que Vitor se aproxima da casa, os seqüestradores ficam como que assombrados:
- Que é isso?! Que luz forte! Não tô vendo nada!
- Nem eu!
As vistas dos seqüestradores ficam ofuscadas pela luz que Vitor traz consigo. Ele entra e tira Genaro do local.
Os bandidos se rendem, mas vingam-se:
- Nós estamos sendo presos, mas o Cássio e o Daniel, sobrinho dele, são cúmplices!
De volta ao lar acompanhado por Vitor, Allan e Miguel, Genaro é esperado ansiosamente por Soraya e Suzana. Apesar de muito saudosa do marido, Soraya deseja compensar Suzana pelo sofrimento que atingiu sua saúde, deixando a filha correr até o pai ao vê-lo chegar, gritando:
- Pai! Pai! Pai! - Suzana corre repetindo a palavra até se jogar nos braços dele. Soraya de longe, olhando para o marido faz sinal com as mãos e Genaro lê seus lábios falando:
- Abraça. Abraça! – Soraya faz um gesto de abraço com as mãos
Genaro abraça a filha sem dizer nada, caindo num choro compulsivo. Os dois choram muito e não dizem nada, pois a emoção fala por eles, que vão abraçados até Soraya que agora abraça e beija muito Genaro, dizendo ternamente:
- Como eu te amo. Foi horrível ficar sem você, sem saber como estava. Não vou perguntar nada. Esqueça tudo. O que importa é que você está aqui.
Enquanto isso, Paulo recebe um telefonema:
- Alô?
- Dr. Paulo é o Alexandre. Eu encontrei o Daniel venha depressa. Ele se machucou um pouco num acidente de carro, mas tá bem.
Paulo anota os dados e vai até o hospital buscar o filho.Vê o filho amedrontado e sente compaixão:
- Filho...eu não fui bom pai, mas todos nós merecemos uma nova chance. Me perdoe, eu te amo.
- Pai... – Daniel chora como uma criança.
- Sua irmã vai ficar muito feliz em vê-lo, ela sofreu muito. Sua mãe tem aquele jeito autoritário, mas te ama. Volta comigo. Você precisa de ajuda, mas tem que querer.
- Eu quero, pai...
Os dois vão para casa.
No Solar, Allan e Miguel conversavam num canto próximo à escada na sala:
- Cara, será que é verdade? – Miguel indaga
- O quê?
- O que os bandidos disseram. Que o Daniel ajudou no seqüestro.
Os dois ouvem um barulho vindo da escada e se assustam, correndo até em cima:
- O que foi isso? – exclama Miguel
- Isso? Olha aqui: Quem. – Sônia mostra Suzana, que desmaiou ao ouvir o comentário quando descia a escada.
- Seus linguarudos! – Sônia repreende.
Miguel deita Suzana no sofá e Odete traz água. Suzana recobra os sentidos e bebe um pouco de água. Lembra-se do que ouviu e fica com uma expressão de ódio. Sandra chega na sala e não entende.
- Suzana, não fica assim. - Allan consola a prima
- Me deixa, gente! Me deixa! – Suzana vai até a porta e sai para fora. Miguel e Allan fazem menção de ir atrás e Sandra recomenda:
- Deixa, gente. Ela precisa esfriar. Não sei o que houve, mas ela quer ficar sozinha.
Os primos contam para Sandra o fato e ela não sabe o que pensar.
Suzana anda pelo jardim. Pouco depois o carro de Paulo entra com este trazendo Daniel que sai e espera o pai enquanto este vai guardá-lo na garagem. Suzana vê Daniel e num ímpeto de fúria vai até ele:
- Desgraçado! Eu te odeio! – Suzana soca Daniel que não entende nada, tenta defender-se, mas sente-se acuado, só conseguindo dizer:
- Suzana...eu...
- Você é um miserável! Drogado! Sujo! Imundo! – Suzana, cheia de ódio, cospe em Daniel.
Soraya assiste de longe sem entender e grita para Allan e Miguel que estavam perto:
- Segurem a fera!
Os dois a seguram e ela raivosa, grita:
- Me solta! Me solta! Eu mato este infeliz!
Levam-na depressa para dentro e Daniel fica ajoelhado chorando. Sandra vê o irmão e o abraça. Ele sente-se pequeno ajoelhado segurando na cintura da irmã que afaga seus cabelos, tentando dominar as lágrimas que também começam, a descer.
- Dani...não fica assim, maninho. Tudo vai passar.
- Eu não presto, não sirvo pra nada. Por quê não morri naquele desastre?
- Hein? Eu não soube... mas o que importa é que você tá vivo. Meu irmãozinho querido. Você vai ficar bem.
Allan e Miguel procuram acalmar Suzana dando-lhe água, mas ela chora compulsivamente, nervosamente. Soraya fica extremamente preocupada, pois teme que a filha tenha algum mal súbito novamente. Procura controlar-se para ajudar Suzana, chegando-se carinhosamente à ela:
- Filhinha...você tem que se dominar, meu bem. Esqueceu do que aconteceu com você?
- Mãe... – Suzana tenta falar, mas a voz é embargada pelas lágrimas.
- Querida, sobe com a mamãe lá pro seu quarto.
As duas sobem, Suzana se acalma e conta o que ouviu para a mãe e esta indaga:
- Você tem certeza, filha?
- Eles falaram que ele era suspeito.
- Vamos procurar saber. O importante é que seu pai tá aqui. Daniel tá doente.
- Aquele miserável!
- Não fala assim, filha. Você não chegou a este ponto, mas a bebida também é uma droga, só que é lícita. Não julgue seu primo.
- Eu não quero ficar aqui perto dele!
- Filha...
- Mãe, por favor deixa eu ficar uns dias na casa do tio Vitor? Deixa, mãe por favor!
- Eu vou falar com o seu tio Vitor e com o seu pai. Acho que nenhum dos dois vai se opor. Agora só o que eu quero é que você se acalme.
Lá fora, arrasado, Daniel continua ajoelhado abraçando a irmã que o consola:
- Maninho...não fica assim, reage!
Allan e Miguel vão até eles para ajudar:
- Daniel, a Suzana ouviu a gente comentar que estão acusando você de ser cúmplice do seqüestro do tio Genaro. – conta Allan
- Eu?!
- Se foi você, a gente entende, porque sabe como é que a droga cega as pessoas – Miguel analisa
- Mas eu não fiz nada!!
- Tá, mano. – Sandra o acalma – Se você tá tranqüilo com sua consciência, isto é o que importa.
- O meu pai trouxe o tio Genaro de volta. O pior já passou. - Allan conta.
- Ele foi muito corajoso. Nós fomos com ele e nem tivemos tanta coragem. – Miguel comenta.
Paulo assiste todos conversarem e sente que não deve interferir. Vitor aproxima-se e toca os ombros de Daniel que está de cabeça baixa, sem vê-lo. Logo ao ser tocado, fica trêmulo.
- Daniel, eu gostaria de ler pra você uma passagem bíblica, você aceita?
- A - aceito...
- Eu vou deixar vocês sozinhos. – Sandra prefere se retirar.
Vitor abre a Bíblia e lê:
- “Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento à palavras que te vou dizer; levanta-te sobre os pés, porque eis que te sou enviado.” – Daniel vai se erguendo mesmo trêmulo e Vitor prossegue:
- “Ao falar ele comigo esta palavra, eu me pus em pé, tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras é que eu vim”. (Daniel, 10: 10 - 12).
- Tio Vitor....tio Vitor.... – Daniel chora compulsivamente e abraça Vitor. - Me perdoa...eu sempre zoei você! Mas eu tô vendo que o Seu Deus existe! Ele me ouviu e mandou você! O que você acabou de ler, tem tudo a ver com o que eu tava sentindo, com o que eu tava precisando ouvir, pra ter certeza de que Ele pode me transformar!
- Então você quer Este Deus?
- Se quero? Só quero!
- Então repita comigo: Senhor, eu Te aceito e a Teu Filho Jesus como meu único e suficiente salvador.
Daniel repete a oração de aceitação a Jesus e Vitor fala:
- Daniel, você agora tem uma vida diferente. Eu gostaria de lhe fazer um convite.
- Manda, tio!
- Você ficaria um tempo num centro de reabilitação da minha igreja? É que lá o pessoal fica para se recuperar e eu sinto que você será muito útil, porque La vai se fortalecer e ajudar muitas pessoas que ainda estão com dificuldade.
- Eu aceito, tio! Eu quero ajudar outras pessoas!
- Que bom! – Vitor exclama com satisfação.
De longe Paulo assistia sem saber o que dizer. Vai até o filho que quando o vê joga-se em seus braços.
- Pai!
- Que foi, filho?
- Pai, lembra que você disse no hospital que eu tinha que querer ajuda?
- Sim.
- Tio Vitor me ofereceu uma ajuda: Jesus e eu O aceitei.
- Não! Mais um crente na família!
- Não pai, mais um sobrevivente! Agora eu tenho certeza que a minha vida vai ter um sentido porque eu vou ajudar outras pessoas a se livrarem da droga, porque ela é uma droga. Sou careta, mas sou feliz!
- Você não só sobreviveu, Daniel, mas nasceu de novo. – Vitor acrescenta
- Cadê a minha mãe? – Daniel indaga ao pai
- Estou aqui. – Heloísa chega sem ter sido vista, abre os braços e Daniel a abraça.
- Mãe, me perdoa.
- Eu é que peço que você me perdoe. Eu pensei que estava controlando a situação quando te internei. Devia ter conversado mais com você.
- Mãe, o tio Vitor vai me levar pruma casa de reabilitação. Eu vou pra lá pra ajudar outras pessoas. Eu aceitei Jesus como meu único salvador.
- Se você fez esta escolha e está feliz, meu filho, não vou discutir. Só não deixa o fanatismo tomar conta de você.
- A mãe...eu quero ser fanático!
- O que importa é que você quer se cuidar por sua própria escolha.
- Eu vou conseguir, mãe! Com Jesus agora eu vou.
- Vitor! - Soraya chama o cunhado que vai até ela.
- Oi. Como está o Genaro?
- Ele tá descansando.
- E a Suzana?
- É isso que eu quero falar com você, meu cunhado. Ela pediu se podia ficar uns dias na sua casa. Eu vou falar com o Genaro, acho que ele deve deixar. Por você tudo bem?
- Você sabe que nem precisa me perguntar isto.
- Ela não quer ficar perto do Daniel. Você deve saber que o estão acusando de suspeito do seqüestro.
- Ouvi comentários. Mas não há provas concretas. Ele se meteu com gente perigosa. Eles podem ter inventado isso, usando o nome dele para se vingar.
- Não sei, Vitor. Mas esse pessoal usuário de drogas comete crimes piores. Até matam pais, avós.
- Graças a Deus ele não fez isto. Mas, antes que eu me esqueça, o Daniel não vai ficar aqui. Ele vai para uma casa de reabilitação.
- Será que ele vai poder ir?
- Mesmo que ele tenha que responder a algum processo, não podem impedi-lo de se tratar.
- Isso é. Mas eu até acho melhor que a Suzana fique um pouco com você, porque o ambiente vai ficar difícil pra ela e pra Sandra. Você sabe o quanto ela e o irmão são ligados e o gênio que a Suzana tem. Ela sabe ser justa quando quer, mas quando fica com raiva de alguém, ela fica cega e tá com um ódio tremendo do Daniel. Eu quero poupar minha filha e poupar a Sandra também. Um tempo longe, dá pra refletir melhor.
- Vamos fazer o seguinte: você fala com o Genaro, eu falo com o Paulo e a Lolô pra combinar tudo e levo o Daniel. À noite eu volto e levo a Suzana.
- Eu ligo pro seu celular.
- Pode ligar, logo que eu estiver liberado venho buscá-la
Enquanto esperava para acertar os detalhes com Vitor, Soraya vai até Genaro que estava descansando e o encontra acordado, com o olhar parado. Aproxima-se carinhosamente a ele, sentando-se na beira da cama.
- Meu querido. Que bom que você está aqui comigo.
- Eu...eu...nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo. – Genaro segura um pouco o choro, sentindo-se como um menino indefeso. Soraya o abraça.
- Genaro, não pensa no que passou. Você tá aqui, é isso que importa.
- Eu sei...sofri muito pensando como você poderia estar.
- Eu sofri muito, mas meu amor por você aumentou, porque eu nunca me imaginei sem você. Embora tenha sido terrível esta experiência, podemos tirar um saldo positivo.
- A Suzana também sofreu muito, né?
Soraya levanta-se com receio de contar ao marido o que houve com a filha e durante alguns segundos não o encara.
- Você tá me escondendo alguma coisa?
- Eu... – Soraya senta-se ao lado dele novamente.
- Querido, agora que já passou, eu vou falar: ela esteve internada, passou muito mal, esteve até no hospital.
- Como?!
- Calma. Já passou. Ela chegou a ficar em coma, mas no dia que o Rodrigo foi lá, ela saiu do coma e têve uma melhora que surpreendeu os médicos. Não se sabe exatamente o que ela têve. Foi algo pior do que um colápso. Viu como sua filha te ama?
- É verdade...
- Ela tá muito tensa, pediu pra eu falar com você se ela poderia ficar alguns dias na casa do Vitor.
- Pode, claro. Sendo pro bem dela, não tem como eu me opor.
- Ela vai e quando voltar vai estar bem melhor.
- E a mamãe? Até me esqueci de perguntar dela. Ela soube? Como é que ela está?
- Fica calmo. O seu tio Ciro e a Mary ficaram com ela. Tentaram esconder, mas ela percebeu pelo jeito deles que havia alguma coisa errada e acabou sabendo pelo noticiário da TV. Ela ligou pra cá, não falaram da Suzana, só disseram que eu não estava em casa. Disse que logo que pudesse veria você, que te ama muito e que sabia que Deus ia ouvir as orações dela.
- Amanhã eu vou vê-la.
- Nós vamos. O Alfredo leva.
- Coitado do Alfredo. Tão bom sujeito.
- Ele sofreu muito também.
Vitor volta para pegar Suzana e ela mostra-se apática na casa do tio. No dia seguinte, sábado, Rodrigo vai vê-la.
- Oi Suzana.
- Oi...
- Que há contigo?
- Comigo? Nada...
- Suzana, você não para pra pensar que tá aqui, tá com saúde, seu pai tá em casa. Isto não é motivo pra ficar feliz?
- É, né...
- Suzana, eu juro que não te entendo.
- Não precisa entender mesmo. – Suzana dá de ombros como quem não se importa.
Rodrigo fala com Vitor antes de ir embora.
- Tio Vitor, a Suzana tá outra vez estranha.
- Como assim, outra vez?
- Como quando ela tava indecisa em relação a mim...
- Rodrigo, ela passou por um trauma grande. O pai foi seqüestrado, ela quase morreu e não sei se você sabe, mas ela têve um grande desgaste ontem, porque soube de uma coisa que a abalou muito.
- Que foi?
- Fica entre nós. Foi armação, mas Daniel tá sendo acusado de cúmplice do seqüestro do Genaro.
- O quê?! O Daniel, irmão da Sandra?
- É. Eu o levei para um centro de reabilitação, onde ele tá sendo cuidado e será útil, pois eles trocam experiências.
- Tio Vitor, o senhor segue aquilo que o senhor prega. Eu pude comprovar no hospital. Eu disse que se Este Deus existisse mesmo Ele teria que curar a Suzana.
- Ele provou isto pra você. Que está esperando pra aceitá-Lo como seu único salvador?
- Como assim?
- Rodrigo, Ele provou o Seu poder. Agora declare que Ele é o Senhor da sua vida. Repete comigo uma oração?
- Bem...tá...
- Primeiramente, eu vou orar por você, depois você repete comigo, tá?
- Tá...
- Senhor, aqui está o Rodrigo. Ele teve uma prova do Teu poder, pois, Tu, maravilhoso Deus, o atendeste quando clamou pela vida da Suzana. Pai querido, eu entrego esta vida agora nas Tuas mãos em nome de Jesus, amém. Amém?
- Amém...
- Quer repetir a oração de aceitação a Jesus, comigo?
- Eu...eu...eu quero!
- Então repita: Senhor Deus...
- Senhor Deus....
Rodrigo repete tudo, a princípio se perguntando por que precisa fazer isto, mas ao fim da oração, comenta:
- É...foi bom. Tô me sentindo mais leve.
- Rodrigo, agora, mesmo que tudo ainda pareça muito difícil, você vai ter mais forças pra ir em frente, por que Jesus vai guiar o seu caminho.
- É isso aí, tio Vitor. Tchau, eu volto amanhã.
- Volta mesmo, querido.
Naquela noite, Suzana mal toca na comida e fica calada. Depois do jantar sobe com Patty para o quarto.
- Vitor, a Suzana tá com um mau humor. – Helena comenta
- Tá muito oprimida. Vamos orar por ela mais do que já estamos orando.
- Com certeza. O Daniel tá gostando da casa de reabilitação?
- Como eu pensei, ele tá mais ajudando do que sendo ajudado.
- Que bom!
Naquela madrugada, Vitor e Helena oram. Enquanto isto, Suzana se debate na cama ao lado da de Patty, que acorda com a agitação da prima, que fala dormindo sem parar:
- Não...sai...me deixa...sai....
De repente, Suzana, completamente fora de si, senta-se na cama e fala alto com uma voz gutural:
- ELA É MINHA! ELA É MINHA!
- Pai! Mãe! – Patty sai correndo do quarto apavorada, chama os pais que entram com ela no quarto. As pupilas dos olhos de Suzana somem, ela fica totalmente tomada.
- SAI DAQUI, EU QUERO ESTA GAROTA! ELA É MINHA! ELA VAI MORRER! EU QUIS ACABAR COM ELA, VOCÊS....EU ODEIO VOCÊS! - Suzana, completamente possuída, fala bufando de raiva.
- Chega! Você vai sair dela agora pra nunca mais voltar, em nome de Jesus! – Vitor coloca a mão firmemente na cabeça de Suzana, que ainda tomada por aquele espírito maligno grita:
- NÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!
Suzana cai ao chão parecendo desmaiada. Pouco depois, Suzana abre os olhos e chora, ofegante, sem conseguir entender o que houve. Vitor a ajuda a se levantar, pede que Patty traga água e acalma a sobrinha.
- Tio....Que aconteceu?
- Calma, filhinha. Beba água.
- Ai...minha cabeça tá doendo. – Suzana leva a mão à cabeça .
- Você bateu com a cabeça, mas tá tudo bem, não houve nada de sério.
- Eu...eu não me lembro de nada. Será que tô ficando louca?
- Vem cá comigo, querida, senta.
Suzana continua assustada, mas ouve Vitor com atenção.
- Suzana, você lembra da Sandra ter dito que você dormindo ficava muito inquieta, sua voz mudava...lembra?
- Eu...tô lembrando.
- Pois é, meu bem. Eu tenho que dizer a verdade: você estava possuída por um espírito maligno.
- Hein?! Como?!
- Você estava dominada por este espírito.
- Não, cê tá brincando!
- Suzana, alguma vez eu menti pra você? Você acha que eu seria capaz de inventar uma coisa dessas, por mais absurda que possa parecer?
- Eu...acho que não.
- Muitos não acreditam, mas o diabo existe. Alguns acreditam e acham que terão privilégios no inferno. Quando Jesus sofreu na cruz, levou sobre si todas as dores que a humanidade merecia. Deus tem um amor infinito, por que Ele é poder, misericórdia, perdão. O inimigo procurou tocar nas suas maiores feridas. Eu orei muito, jejuei com sua tia, seus primos, porque nós sabíamos que você conheceria Este maravilhoso Deus. Seu pai foi seqüestrado, mas Deus operou pra trazê-lo de volta, porque ele também estava debaixo de nossas orações. O diabo pensou que conseguiria destruí-los, mas tudo se fez novo e pode ser melhor ainda, se você tomar agora uma decisão que o Daniel e o Rodrigo tomaram.
- Qual?
- Aceitar Jesus como seu único salvador.
- Não sei se tô preparada.
- Depois de saber o que aconteceu com você, ainda acha que não está preparada?
- Tio, não sei se vou conseguir. Eu fiquei com tanto ódio do Daniel.
- Daniel disse que um destes “amigos” – se é que podemos falar assim – o sondou pra ter informações sobre Genaro e deu idéias de fazer algo pra conseguir tirar dinheiro dele. Ele chegou a ficar tentado, mas têve medo de ser descoberto. A idéia foi realmente do outro. Ele pode usar isto contra o Daniel, mas não tem provas. Perdoe seu primo.
- Tio...
- Se você declarar que Jesus é o seu salvador vai dar autoridade a Ele sobre sua vida. Você quer isto?
- Eu...eu quero!
- Então repita esta oração: Senhor Deus, eu creio em Ti como criador dos céus e da terra e que tu proveste para a humanidade a salvação através de Teu Filho Jesus. Perdoa meus pecados, escreve meu nome no livro da vida eu aceito Teu Filho Jesus como meu único e suficiente salvador. Eu Te agradeço em nome de Jesus, amém.
Suzana repete a oração intercalada por lágrimas e soluços e o tio a abraça:
- Seja bem vinda ao reino de Deus!
- Eu...tô me sentindo aliviada.
- Claro que está! O reino de Deus nos traz o refrigério! Você quer ter uma Palavra de confirmação?
- Como assim?
- Lembra do diário que a vovó deu pra vocês? Pega e lê o dia de hoje!
Suzana abre o diário e lê as passagens: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ezequiel, 36: 26); “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.” (João 16: 13).
Rio, 07 de julho de 2002
Meu querido diário
A princípio fiquei sem entender o que eu fiz ainda agora. Depois que li as mensagens do dia de hoje, sei que este Espírito da verdade me levou a aceitar Jesus como meu único salvador. Nada é por acaso e não foi por acaso que eu vim mais uma vez pra perto do tio Vitor. Deus cuidou de mim e usou o tio Vitor! Agora eu entendo que não é por minha vontade que tomei esta decisão. Eu ouvi a voz deste Espírito da verdade, a voz de Deus. Entendo agora tudo o que fiz de errado, me arrependo e agradeço a Este Deus que me livrou de ter feito coisas piores. Estou preparada pra perdoar o Daniel, em nome de Jesus! Amém!
Até muito breve,
Suzana.
À tarde, Vitor vai visitar Daniel na casa de reabilitação:
- Oi Daniel.
- Oi, tio! Que bom ver você aqui! – Daniel o abraça.
- Você se adaptou logo, hein?
- No pouco tempo que tô aqui, já orei três vezes a cada dia.
- Daniel, personagem bíblico, orava três vezes ao dia.
- É? Já orei duas vezes hoje.
- O que você tem colocado pra Deus?
- Tenho agradecido muito por Ele ter me tirado da lama que eu tava, inclusive por eu não ter feito coisas piores.
- Tem pedido também, né?
- Tenho. Eu tô bem, só faltam duas coisas essenciais.
- O que?
- Preciso encontrar minha namorada. Acho que tá morando no mesmo lugar, mas das últimas vezes que liguei pra ela, o telefone tava ocupado sempre, o celular na caixa postal.
- Você quer que eu vá à casa dela?
- Agora não tio, obrigado. Pode dar problemas pra ela alguém aparecer assim de repente, sem avisar.
- Entendo. Mas, qual é a outra coisa essencial?
- Que a Suzana me perdoe. Ela tem razões pra desconfiar de mim, mas eu não fiz nada.
- Pode crer Daniel. Eu inclusive acho que tem alguma coisa por trás da denúncia pelo telefone. Algum rival.
- Isto é assim mesmo, ganha o maior do pedaço.
- Você está bem mais consciente, o Espírito Santo de Deus está trabalhando poderosamente em você.
- E em mim também. – a voz é de Suzana que vem através de um sinal de Vitor. Daniel fica mudo de surprêsa.
- Daniel...eu...fiquei com muita raiva de você. Quando pensei que você poderia ter tramado o sequestro do meu pai, eu fiquei cega de ódio. Mas O Espírito Santo me tocou e.... – Suzana fica quase sem voz, querendo chorar – Ai...eu tenho que conseguir acabar de falar .... eu te perdôo em nome de Jesus!
Daniel chora sorrindo e Suzana também chorando mais ainda, fala:
- Daniel, não fica aí me olhando e chorando, me dá um abraço, cara!
Os dois choram abraçados e as pessoas em redor aplaudem gritando:
- Glória a Deus!
Ainda naquele dia, Sandra vai visitar o irmão, junto com os pais. Os dois ficam um bom tempo conversando.
- Sandra, cumé que tá tudo em casa?
- Eu diria que um pouco melhor do que tava.
- Como assim?
- O papai e a mamãe não estão se agredindo tanto quanto antes e o fato de você ter aparecido mudou muita coisa.
- Bom ouvir isto. Jesus faz a diferença.
- Você resolveu seguir a mesma religião do tio Vitor?
- Não, maninha, eu aceitei Jesus como meu único salvador.
- Então. O mestre da religião do tio Vitor é Jesus.
- Não, maninha, Jesus é o mestre dos mestres.
- Você tá muito empolgado. De qualquer maneira, não posso negar que você tá bem diferente, muito melhor.
- Exatamente, porque Jesus renovou o meu viver. Eu renasci em Jesus Cristo, sou uma nova pessoa.
- É...isto deve fazer sentido pra você.
- Pode fazer pra você também.
- Pra mim?! Como assim?
- Maninha, você não tá satisfeita com muita coisa na nossa família, ou eu tô errado?
- Bem...não, mas eu já me sinto bem melhor vendo você livre da droga. Acho que isto é nascer de novo.
- Este “nascer de novo”, pra mim tem um sentido mais amplo, que pode vir a ter pra você também.
- Eu não entendo por que você tá insistindo nisto. Eu não preciso mudar nada. Eu não fiz nenhuma besteira.
- Tudo bem, a decisão tem que ser sua e eu vou orar por você.
Suzana encontra Sandra no carro para voltarem juntas ao Solar.
- Sandra, eu tava com tanta saudade. – Suzana abraça a prima pouco antes de entrarem no carro.
- Acho que temos muita coisa pra conversar.
As duas se acomodam no carro enquanto esperam os pais de Sandra que se abre com Suzana:
- Tô preocupada com o Dani.
- Por quê? Ele tá ótimo!
- Aparentemente sim, mas tá estranho. Não sei se é o ambiente.
- Não é só o ambiente, Sandra, é Jesus.
- Ah! Só faltava essa agora! Você também?
- Sandra, você não achou alguma coisa diferente em mim?
- Eu tô achando você bem, mas você sempre têve momentos mais alegres, de maior expansão.
- É, mas agora eu tô na expansão infinita do Senhor Jesus!
- Então quer dizer que agora todos os problemas acabaram?
- Não, mas eu vou ter confiança no meu Deus pra resolver todos eles.
- No “seu Deus?”
- Que pode ser seu também, basta você querer.
- Sú, Deus é propriedade das pessoas?
- Nós é que somos d’Ele. Ele escolhe a gente. Ele tem um plano pra mim, pro Daniel, pra toda a família!
Sandra tem o mesma sensação de dúvida que têve em relação ao irmão ao ver a euforia de Suzana.
Passam-se alguns dias. Genaro contrata mais seguranças para acompanhá-lo ao trabalho, não permitindo que ninguém saia do Solar sem escolta. Dá mais atenção à família, diminui o ritmo de trabalho com a ajuda dos irmãos.
Correspondências chegam endereçadas às três mansões do Solar. Uma em particular intriga o seu destinatário, que liga para uma das cunhadas:
- Helô, por favor, vem aqui agora!
- Que houve Lúcia?
- Vem aqui, quando você chegar eu explico.

5 comentários:

  1. Nossa quanta informação junta! Li os dois últimos agora! Que maravilha a vida dos Castelli começando a entrar nos eixos! Só Jesus mesmo!
    Já estou ansiosa pelos próximos capítulos!!!

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  2. Que lindo,3 conversões no mesmo capítulo.Este capítulo está muito edificante,com conversões,libertações que pareciam impossíveis.Essa é a principal missão do evangelho.

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  3. fiquei feliz de ler finalmente a conversão da Suzana e do Daniel...muito bom esse capítulo! Parabéns!!!

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  4. Esse capitulo esta maravilhoso.
    Que bom que as coisas estão entrando nos eixos.
    Incrivel é que os dois mais problematicos é que se converteram primeiros.

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  5. Este cap foi o mais emocionante, na minha humilde opinião! Tudo se resume ao: poder de Deus!

    feliz demais com essa história incrível!
    *_*

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