sexta-feira, 2 de abril de 2010

CAPÍTULO XVI

O DEBUT DE SANDRA
Sandra sofria muito, embora aceitasse festejar seus 15 anos por insistência do irmão. Suzana procurava obedecer a mãe que a proibiu por tempo indeterminado de ir a alguma festa, mas não ia muito bem na escola e se afastou muito de Sandra e Sônia. Ivan causava sérios aborrecimentos aos pais, principalmente à mãe, que, pelas viagens cada vez mais constantes do marido, ficaria com um peso maior para controlar o “vício” de joguinhos do filho.
- Ivan, o que significa isto?! Como explica estas notas? - Lúcia fica irada quando vê o boletim de Ivan
Ivan não consegue ter nenhum argumento e nem consegue encarar a mãe.
- As coisas vão mudar aqui, rapazinho! Quero na minha mão todos os CDS de joguinhos e computador vai ser só pra internet, pra pesquisas escolares! Não só por estas notas vergonhosas, mas também pelo absurdo de conta luz que desta última vez deu o triplo do mês passado! Não ouse me desobedecer, se você não passar este ano, vai pra outro colégio!
O buffet de Elisa é mais uma vez requisitado e Sandra observa o movimento à porta da cozinha.
- Minha linda! – Elisa a vê e a abraça-a calorosamente – Eu estava tão entretida aqui que nem a vi chegar! Meus parabéns, querida!
- Obrigada, Elisa. – Sandra agradece, não conseguindo conter as lágrimas.
- Meu bem, você tá chorando?
- Eu...eu não consigo agüentar...
- Eu sei, meu amor, sei o que você deve estar sentindo.
- Eu só tô aceitando por causa do Dani. Ele escreveu pra mim pedindo muito que eu festejasse. Festejar o que?
- A vida, sua saúde. Sua avó e todas as pessoas que te amam vão estar aqui também. Jesus te ama muito.
Consolada pelas palavras de Elisa, Sandra sobe ao seu quarto e pega o diário lendo antes os trechos que são o “maná” do dia: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago, 1: 17); “Ele livra e salva e faz sinais e maravilhas no céu e na terra; foi Ele quem livrou a Daniel do poder dos leões” (Daniel, 6: 27). Impactada pelo que leu, começa a escrever:
Rio, 12 de abril de 2002
Meu querido diário
Eu considero estes dizeres como meu primeiro presente de aniversário. De um ano pro outro as coisas mudaram e infelizmente pra pior. Tudo era tão diferente quando eu fiz 14 anos. Foi uma festa mais informal. Alguns colegas estiveram aqui, a gente usou um dos salões, durante o dia usamos a piscina... hoje estou comemorando por que o Dani insistiu. Não sei exatamente como ele está, mas quer que eu comemore. Estou sentindo tanta falta dele que nem sei como vou suportar não tê-lo ao meu lado pra valsar comigo. Eu queria que ele pudesse me escutar agora de onde estivesse. Preciso tanto falar com ele! Eu não sei como vai ser, quanto tempo vai levar pra ele se recuperar, mas sei que o que eu mais desejo é que, como o Daniel da Bíblia, ele saia desta “cova de leões na qual entrou”e se Este “Pai das luzes” existe mesmo, que faça isto.
Não dá mais pra escrever nada, senão eu choro.
Até breve,
Sandra.
A festa inicia e como não poderia faltar nenhum ente querido, estariam presentes Marisa, Angelina, Vitor com Helena e seus filhos, genros e netas.
Como na festa de Suzana, também utilizam uma tela com as passagens mais marcantes da vida de Sandra que aparece inicialmente com um vestido azul claro, um diadema sobre os belos cabelos cacheados e louros presos para cima com cachos caindo até a acima da nuca.
Enquanto isto, na clínica, Daniel põe em prática seu plano de ação, logo depois que Eliana sai. Há uma falta geral de energia elétrica na rua da clínica, que fora provocada por uma pessoa paga pela enfermeira. Tudo parece um aparente “apagão”, os médicos ficam intrigados.
Rapidamente, Daniel sai já usando um jaleco que Eliana arranjou com um crachá falso, usando uma peruca morena e óculos fundo de garrafa. Daniel consegue passar pelos corredores sem ser notado, pois com a escuridão, seria difícil algum interno fugir. Lá fora, usando uma lanterna, avista Eliana que o esperava no local combinado.
- Sucesso, amor! – Daniel vibra
- Dani, você é louco!
- Foi trabalho de profissional! Nós vamos fazer muito mais “maluquices” ainda hoje!
- Ai, Dani...
- Você tá esquecida que eu quero ver minha irmãzinha?
- Mas Dani...
- Hoje ela faz 15 aninhos e isto é uma só vez na vida. Eu vou dançar a valsa com ela nem que seja na rua! Pela minha irmãzinha eu consigo tudo!
No Solar Castelli, prossegue a festa e Sandra aparece com um lindo vestido branco de mangas bufantes, saia rodada, com o mesmo diadema e chega o momento de dançar a valsa. Primeiro dança com o pai, depois com Vitor, com os primos Allan e Miguel. Ivan dança rapidamente, muito envergonhado. Por fim, dança com Ricardo.
Entre os convidados, vários funcionários da Mega Mídia que grava em vídeo o evento. Márcia está com Eduardo, como sempre deslumbrado.
- Que festão! – exclama Eduardo.
- Ai, Edú...pra você aparência é tudo, hein? – Márcia critica.
- E não é? O negócio é “vender a imagem!” Imagem é tudo.
Ao reparar a tristeza de Sandra, Márcia vai até ela tentando animá-la:
- Gatinha, meus parabéns, você tá linda.
- Obrigada...
- Algum problema?
- Não, nada não...só tô um pouco tensa...sabe como é...muitos convidados, a gente tem que dar atenção a todos.
- Entendo... – Márcia procura ser discreta, mesmo tendo a certeza de que a menina está com algum problema.
Rodrigo veio com os primos e embora ele e Suzana não se falassem, ela, mesmo inconscientemente, testava sua reação ao vê-la dançar com Bruno. Suzana quase não disfarça no olhar o ciúme ao ver que várias garotas se aproximavam de Rodrigo. Num momento em que Bruno estava em outro lado do jardim, Luciana, que também foi convidada, o procura:
- E aí?
- Oi.
- Você não tem ligado, sumiu.
- É, estou em falta com você. – Bruno procura disfarçar.
- Muito em falta.
- A gente ainda se vê. Vamos fazer muitos outros “programinhas”.
- Com certeza.
- Desculpa, eu tenho que falar com um amigo. – Bruno inventa uma desculpa para que ninguém note que há uma intimidade maior entre os dois.
Suzana, escondida entre a multidão, já estava bêbada. Alfredo, com jeito, a segura firmemente pelo braço.
- Vem comigo.
- Me solta Alfredo!
- Não senhora! Você vai entrar! Está quase caindo! Não vou deixar beber mais nada!
- Que saco! – grita tentando desvencilhar-se.
- Vem comigo ou vou ter que chamar sua mãe?
- Ai...tá bem...
Alfredo leva Suzana para dentro e a senta no sofá. Sandra que viu de longe, vai atrás falar com a prima.
- Suzana...
- Me deixa em paz! Não vem com seu sermão!
- Você não quer tomar jeito, hein menina?
- Eu tô cheia! Minha mãe não me deixa mais sair, eu tô achando esta festa um saco!
- Suzana, quer saber do que mais? Bebe! Entorna todas! – Sandra pega uma garrafa e entrega à prima – Faça bom proveito!
Suzana começa a chorar e Sandra sai da sala.
- Por quê você faz isto, minha querida? – pergunta Alfredo
- Alfredo...eu...eu...não devia beber...mas eu...eu já nem sei mais o que eu quero!
- Suzana, você gosta daquele garoto, o Rodrigo?
- Já nem sei mais!
- Precisa saber. É natural que você até se sinta confusa, mas eu acho que ele não tá com aquela Adriana.
- Ela não tá aqui, por que o pai dela não conhece o meu! Se conhecesse, era mais uma “perua” que eu teria que aturar, como outras ridículas, a maioria dando em cima dele!
- Você ainda diz que não sabe se gosta dele?
- Alfredo...- Suzana chora encostando a cabeça no ombro do motorista.
- Não fica assim, eu gosto de você como uma filha. Você precisa de um café.
- Ai, não, detesto café!
- É o melhor remédio pra isto.
Alfredo pega a menina pela mão e a leva para a cozinha com medo que ela fuja e dá-lhe café amargo.
- Ai...vou vomitar...
Alfredo a acompanha até o banheiro onde ela vomita e depois, voltando para a sala, a deixa no sofá.
- Vamos subir?
- Não...quero ficar aqui.
- Suzana, você não pode ficar aqui.
- Deixa que eu falo com ela. – fala Vitor que ia entrando. Alfredo sai.
- Tio...
- Suzana, vamos subir. Você tá mal, não adianta ficar aqui.
- Tá...
Vitor a ampara e a leva para cima.
- Agora eu vou orar por você e vai me prometer tomar um banho e deitar.
- Tá...
Vitor ora e Suzana se acalma.
No lado de fora do Solar, Daniel esperava poder falar com a irmã.
- Dani, desiste...como é que você vai conseguir? – Eliana aconselha.
Élcio, um conhecido, está saindo da festa. Daniel vai até ele quando está se afastando do portão e toca no seu ombro.
- Dani...
- Oi, Élcio.
- Cara...você não tava na festa?
- Élcio...preciso de um favor seu.
- O que?
- Cara, não diz que me viu. Tô com uns problemas, brigado com meus pais, só tô aqui por causa da minha irmã. Chama a Sandra aqui, por favor...não deixa ninguém perceber. Fala pra ela vir com você, não diz que eu estou aqui.
- Tá, cara...
Élcio vai até Sandra.
- Oi, Sandrinha.
- Ué...voltou? pensei que já tinha ido.
- Eu esqueci uma coisa. Sandrinha...eu precisava falar uma coisa com você lá fora. Aqui as paredes tem ouvidos.
- Que mistério...
Ricardo vê os dois conversando e fica enciumado.
- Que será que aquele cara quer com a Sandra?
- Não deve ser nada demais. – pondera Renato.
- Sei não...
Sandra e Élcio vão para fora e mesmo intrigada, Sandra sente que é alguma surprêsa, pois não tinha nenhuma razão para desconfiar do rapaz. Quando já estão distantes do portão ele diz:
- Eu tenho uma surpresa.
- É?
- Vou tapar os seus olhos. Um dois três e...já!
- Dani! – Sandra corre para os braços do irmão que a levanta no colo.
Élcio despede-se e deixa os dois a sós
- Não chora...
- É de alegria....é o meu melhor presente. Mas...você foi liberado? Como é que tá aqui?
- Maninha...não dá tempo pra muitas explicações, eu vim dançar a valsa com você. – Daniel gira com a irmã, que embora assustada, sente-se realizando o desejo de valsar com o irmão.
- Dani...eu adorei a valsa improvisada, mas fala pra mim, o que aconteceu? Você fugiu?
- Sim, mas não fala pros nossos pais que me viu. Se não, vou ter que desaparecer sem dar notícias.
- Mas mano...
- Não chora, não estraga a maquiagem, minha linda. Eu vou estar bem, só quero um tempo pra mim. Eu te amo.
- Não deixa de me dar notícias...eu sofri muito e ainda tô sofrendo.
- Tá maninha...mas colabora comigo. Eu vou viver a minha vida. Tô cheio deste: “Solar Castelli.” Isto aqui é um reino de hipocrisia. O casamento dos nossos pais é uma farsa. Eu era menino e ouvia as brigas. Nosso pai viajando, nossa mãe saindo. Só não vê quem não quer. Nossa mãe tem nojo do nosso pai. São dois falsos.
- Dani, não fala assim.
- Falo sim. Não quero saber de nenhum dos dois!
- Que é isto, Dani?!
- Nossa mãe me fez passar pela maior humilhação! Fui tratado como um cavalo posto a força numa estrebaria!
- Dani, ela sofreu, chorou muito.
- Ela nunca quis conversar comigo.
- Isto não é verdade, você não dava oportunidade.
- Numa coisa ela tem razão: nosso pai é um “bananão!”
- Dani...não fica com este rancor. Eles são nossos pais. Tudo vai se acertar.
- Eu já me dou por feliz em ter uma irmã como você. Eu tenho que ir. Até um dia, maninha.
Os dois se abraçam e Daniel vai embora. Sandra procura se recompor. Respira fundo e entra no Solar. Ao vê-la, a mãe pergunta:
- Sandra, onde é que você estava?
- Eu tava acompanhando o Élcio ao portão conversei um pouco com ele lá fora.
- Você demorou filha.
- Nem senti o tempo passar.
- Você chorou, né?
- Deixa pra lá...
- Filha, eu fiz tudo pra que fosse uma boa festa.
- Não se preocupa, mãe. Tá tudo bem.
- Tem alguém aqui que quer se despedir. Esperou você até agora.
- E aí? – Ricardo esperava Sandra e expressa no seu olhar o ciúme.
- Oi Rick. Que que há?
- Nada...
- Nada, não. Que cara é essa?
- Você sumiu.
- Eu tava me despedindo dos outros convidados.
- Inclusive de um convidado em especial.
- Rick...ele é muito mais velho que eu. É um pouco mais velho que o meu irmão.
- Tá...deixa pra lá...
- Ganhei mais um presente.
- É? – Ricardo demonstra ciúme, pensando se tratar de algum presente que Élcio ou algum outro tivesse dado.
- Você.
- Ah... – Ricardo fica vermelho.
Sandra dá-lhe um beijo no rosto e ele enrubesce ainda mais. Tira do bolso um presente para Sandra.
- Parabéns pra você, Sandra. – Ricardo toma o pulso de Sandra e coloca uma pulseira de ouro.
- Rick...é linda!
- Eu escolhi. Preferi dar no fim da festa, fiquei sem jeito de dar na frente de outras pessoas.
- Parabéns pra você também. – Sandra agradece abraçando-o – Garotos sensíveis como você estão em “extinção”.
- Meus pais querem falar com você.
- Ah, claro.
Os dois vão juntos, Ricardo, num gesto elegante dá o braço à Sandra.
Antes de ir embora, Vitor procura inicialmente Soraya.
- Cunhada.
- Oi Vitor.
- Você estava procurando pela Suzana, né?
- É...o Alfredo disse que ela deitou mais cedo.
- Ela bebeu.
- Ai...meu Deus...Vitor, ela aproveita sempre um momento em que ninguém está vendo. Eu proibi de ir à festas, cortei esta coisa de estudar com colegas, mas não posso impedir que tenha bebidas nas festas daqui.
- Eu entendo. Mas ela já está bem.
- Vitor, isto tem que acabar. O que eu faço?
- Minha cunhada, confie em mim. Nesta próxima semana, eu vou chamá-la pra ir lá em casa.
- Ela precisa estudar mais. As notas dela não foram muito boas.
- Ela vai recuperar. É desgastante, mas não desanime. É a idade do “não sou mais, mas também, ainda não sou”.
- É verdade. Ela é muito desenvolvida, parece uma mulher, mas é tão infantil, insegura e sofre porque quase todos os garotos olham pra ela com muita malícia.
- Esta fase vai passar.
Por um lado satisfeita por causa de Ricardo, mas por outro muito preocupada por causa do irmão, Sandra recolhe-se em seu quarto e pega o diário. Abre a página do dia e lê os trechos bíblicos: “Porque o SENHOR dá a sabedoria e da sua boca vem a inteligência e o entendimento.” (Provérbios, 2: 6) e abaixo: “Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto sim, contamina o homem” (Mateus, 15: 11).
Rio, 13 de abril de 2002:
Meu querido diário
Bateu fundo o que eu li agora, porque mais uma vez parece que não era só pra mim, também pro meu irmão Dani. Hoje, já iniciou outro dia e estou ainda com o vestido da minha festa escrevendo aqui. Estou feliz e triste ao mesmo tempo. O Dani fugiu da clínica. Minha mãe vai acabar sabendo. Eu gostei de vê-lo, mas sei que vou custar a saber dele. Esta sabedoria que vejo descrita acima, é tudo que eu preciso neste momento. Meu irmão está magoado, com ódio dos nossos pais.
Hoje eu experimentei a emoção do primeiro beijo. O Ricardo me deu um “selinho”. Ele me deu uma pulseira, ficou com vergonha de dar na frente dos outros, durante a festa. Fico feliz por ter conhecido alguém sensível como o Rick. Pena que a Suzana nõo se acerta logo com o Rodrigo. Ele é legal, mas tá inseguro. A Suzana bebeu outra vez e o Alfredo, que é maravilhoso ajudou, cuidou dela. Eu fiquei muito chateada, mas acho que ela ainda tem que “quebrar a cara”. Eu reparei alguma intimidade entre o Bruno e a Luciana, mas não falei nada pra não piorar as coisas. A Joana veio, mas fez tudo pra ficar longe do Bruno. Há alguma coisa muito estranha entre os dois.
Minha avó também veio, veio a prima Angelina, a vó Tonha, a Elisa. Todas as pessoas que eu quero bem.
Não sei o que falar pra minha mãe, por isto vim aqui pro quarto. Me sinto no meu refúgio, como se estivesse conversando com um amigo. Tô tensa, mas vou procurar me acalmar e dormir.
Tchau diário,
Sandra
Naquela manhã, toca o telefone e Heloísa atende:
- Alô? Sim. O quê? Mas como? Vocês não tem um circuito interno de vídeo? Apagão? Meu Deus! Onde estará aquele menino! Vou processar esta clínica!
Depois que Heloísa desliga, Sandra desce chorosa.
- Eu ouvi mãe. Eu...eu preciso confessar uma coisa pra você, mesmo que você fique com raiva de mim.
- O quê? Fala logo, filha!
- Mãe, ele veio escondido me ver.
- Por que você não me disse?
- Ele disse que ia sumir. Pediu que eu não falasse, eu fiquei com medo dele fazer alguma besteira.
- Besteira maior ele deve estar fazendo agora. Deixa pra lá, você deve ter ficado confusa. É muito difícil lidar com um viciado. Mas ele pode voltar.
- Não sei, ele tá com tanto ódio de você, do meu pai.
- Ele deve voltar a procurar você.
- Acho que sim, mas não sei se vai deixar pistas.
Enquanto isto, Suzana no seu quarto já acordada sabe que não vai ser fácil conseguir uma bebida pela vigilância no circuito interno de TV. Vai até o banheiro, olha para a prateleira cheia de vidros de perfume e decide:
- Já que não tem “tu, vai tu mesmo!”
Vira um vidro de perfume que estava pela metade quase até o fim e para quando começa a engasgar. Repete a dose com outro vidro que tinha menos conteúdo.Depois, chora, atira o vidro longe, quebrando-o e joga-se na cama.
As horas passam e Soraya preocupa-se, pois Suzana ainda não aparece. Encontra Odete e pergunta:
- Você viu a Suzana hoje?
- Ainda não.
- Eu acordei um pouco mais tarde. O Genaro teve que ir rápido pra São Paulo pra fechar um negócio. Estou vendo daqui as meninas no jardim, daqui a pouco sai o almoço e ela não desceu.
- É melhor chamar Soraya. A dona Marisa e a Angelina precisaram ir cedo. Pediram pra se desculpar com você.
- Que pena. Eu vou lá em cima chamar a Suzana.
Soraya sobe e bate à porta:
- Suzana, Suzana filha, tá quase na hora do almoço.
Ao mexer na maçaneta, Soraya nota que a porta está trancada e insiste novamente:
- Suzana, levanta filha. – continua sem obter resposta e fica nervosa, batendo com mais persistência na porta:
- Suzana, abre a porta! Suzana! Meu Deus, o que será que aconteceu?
Apavorada, Soraya chama Alfredo que sobe e força a porta até arrombá-la. Quando conseguem abrir, vêem Suzana deitada atravessada nas extremidades da cama.
- Suzana! Suzana! – Soraya sacode a filha que inicialmente não responde. Depois de muita persistência, Suzana desperta, ainda bem grogue, reclamando.
- Ai, mãe, que saco...
- Suzana, você quer me matar de susto?! O que você fez? Você bebeu?
- Como é que eu poderia beber? Aqui não tem bebida...
- Você tomou alguma coisa? Responda! – Soraya segura firme no braço da menina ainda deitada.
- Mãe, me deixa...
- O que eu faço com você?!
- Mãe... eu não fiz nada.... você se estressa à toa.
- Suzana, eu vou dar um jeito em você, não sei como, mas vou! Trate de se recompor e daqui há bem pouco descer, porque você tem que ver a comida e o passeio do Lalau! Está muito negligente com as suas obrigações!
Soraya desce furiosa e Alfredo repreende Suzana:
- Você não tem o direito de fazer isto com sua mãe.
Alfredo sai e Suzana chora. Lá embaixo, Soraya desconsolada, liga para a casa de Vitor. Helena atende.
- Helena...
- Oi, Soraya.
- Helena, eu...
- Soraya, você tá chorando?
- Eu tô arrasada Helena. Minha filha...tava toda grogue deitada até agora. Eu acho que bebeu. Ela disse que não, mas eu acho que tá mentindo. O que eu faço?
- Soraya, nós vamos ajudar. Procura manter a calma. Não a deixe perceber sua fragilidade diante do problema. O Vitor saiu, mas eu sei que está a par da situação e diria o mesmo a você.
- Obrigada Helena.
Daniel fica na casa de Eliana, mas esta o alerta:
- Dani, acho que o pessoal do hospital pode desconfiar.
- Que nada! Foi um plano perfeito! Como é que vão descobrir que você “encomendou” o apagão?
- Ah, sei lá, Dani. Eu tenho medo.
- Deixa disso, gata loira. Vem cá que eu tenho um calmante pra te dar.

7 comentários:

  1. Tadinha da Sandra, sofrendo assim pelo irmão. E que enfermeira mais irresponsável, gostei dela não.
    O que será que o Vítor vai fazer com a Suzana nos dias que ela vai passar na casa dele.
    Essa história serve de exemplo para muitas coisas, esses jovens retratos serão "rebeldes sem causa"?

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  2. A enfermeira do Daniel por incrível que pareça foi inspirada num caso real, pois o conhecido artista Rafael do extinto grupo Polegar quando internado numa clínica, teve caso com uma médica que lhe forneceu até drogas.

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  3. Tadinha da Soraya,tá sofrendo tanto com a Suzana.Situação bem difícil hein?Principalmente pq ela ainda é uma adolescente.
    E o que será que vai acontecer com o Daniel?Tbm não gostei da enfermeira dele...
    São tantos problemas...Mas infelizmente são problemas da vida real;vemos muitos casos como este hoje em dia.

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  4. Aguardando ansiosamente pelo próximo capítulo!

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  5. P.S. Sei que o comentário no dia 08/05 foi feito pro capítulo XVIII, postado recentemente.

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  6. To tão curiosa como vai ficar as coisas no final.

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